Resenhas

Django Django – Glowing in the Dark

Banda britânica usa maneirismos do Indie a seu favor e entrega repertório “fácil” e prazeroso

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Ano: 2021
Selo: Because Musci Ltd.
# Faixas: 13
Estilos: Indie, Indie Rock, Rock Alternativo
Duração: 43'
Produção: David McLean

Glowing in the Dark é uma obra de camadas que se abrem diante de nossos ouvidos uma a uma, faixa a faixa, em uma obra tão completa quanto fácil de se escutar. Django Django mostra que, na proporção de quatro álbuns em 12 anos de carreira, tem tudo para estar entre os grandes de um Indie que se recusa a se tornar desinteressante.

Vários ecos do gênero aparecem ao longo da audição, do baixo do Post-Punk na introdutória “Spirals” ao Eletrônico nas últimas três faixas, passando por influências do Soul (“Kick the Devil Out”), do Folk (“The World Will Turn”) e até da Tropicália (“Got Me Worried”, com direito a estrofe em português). É um passeio por tudo o que a banda britânica encontrou ao dividir palcos e playlists com outros grupos ao longo da última década.

Viajando pelo repertório, o fã do Indie ganha o prazer de coletar esses fragmentos e montar o panorama dos tantos polos sonoros visitados no disco. Mesmo quando Django Django lembra um Grizzly Bear mais sintetizado (como em “Right the Wrongs”), ou um Flaming Lips mais pé no chão, sua capacidade de dialogar com todos esses lados com excelência faz com que as semelhanças não diminuam a personalidade que a banda consegue mostrar nas músicas.

Talvez tenha a ver com o senso de humor britânico, mas é interessante notar como tudo é muito bem feito sem nunca parecer se levar tão a sério. Isso é percebido facilmente na mudança de ritmo que abre o disco na introdução de “Spirals”, mas está presente também em detalhes mais sutis, como a imponência com que “Night of the Buffalo” se apresenta, ou no uso de bases eletrônicas em “Free from Gravity” (e a repetição no refrão). É uma dinâmica de assumir e se apropriar dos maneirismos do Indie e usá-los a seu favor para criar músicas ótimas – o que não dá para fazer com muita seriedade.

Isso só garante uma audição ainda mais prazerosa de Glowing in the Dark, uma obra que exige pouco comprometimento do ouvinte, mas que recompensa fartamente o público alvo que se dedicar a ouvi-la. Ao final, fica a sensação de que experimentamos um festival inteiro em apenas 13 faixas. Pelo menos, nesse evento imaginário, Django Django se consagra headliner.

(Glowing in the Dark em uma faixa: “Right the Wrongs”)

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ARTISTA: Django Django

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.