Resenhas

Phoenix – Alpha Zulu

Em versão mais “de estúdio”, banda francesa condensa suas características principais em sétimo disco

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Ano: 2022
Selo: LOYAUTÉ/Glassnote
# Faixas: 10
Estilos: Indie, Indie Rock
Duração: 35'
Produção: Phoenix

Você consegue “visualizar” o som característico que a banda francesa Phoenix desenvolveu ao longo de uma discografia que ultrapassa as duas décadas e chega ao sétimo volume em 2022 com este Alpha Zulu. Estamos falando das guitarrinhas indie, de uma percussividade carismática e uma certa euforia blasé que convence qualquer fã do gênero a entrar na dança. Ainda assim, com uma personalidade musical tão bem definida, cada um de seus discos consegue, de uma maneira ou de outra, ter uma identidade muito própria.

Alpha Zulu não é exceção e chega como o “álbum de pandemia” que Phoenix produziu – literalmente, já que o quarteto ocupou o cargo de produção. Parte dele foi feita à distância, enquanto outras músicas tiveram a honra de serem criadas no célebre Palácio do Louvre, em Paris, enquanto ele estava fechado para visitação do público – o que acabou influenciando também o visual que acompanha o disco e o clipe da faixa-título.

Esses dois dados são importantes para compreendermos melhor a estética da obra. Ela tem menos elementos que a grande maioria dos momentos da carreira da banda, mas parece haver uma intenção clara de garantir aquela expansividade de sempre – acompanhando a dimensão dos grandiosos corredores do museu e do valor de suas obras. Por exemplo, a bateria de Thomas Hedlund (músico contratado que acompanha Phoenix nos shows e no estúdio, e que definiu boa parte da sonoridade que fez com que Wolfgang Amadeus Phoenix, de 2009, se tornasse um “clássico” de nossos dias) está presente apenas em “After Midnight”, mas é emulada em várias faixas.

A unidade rítmica de “Tonight”, principalmente em seu refrão, é prova disso. Essa mesma faixa, mesmo com tanta familiaridade para quem acompanha a banda, traz um ineditismo muito significativo em sua discografia: Pela primeira vez em sete álbuns, temos uma participação especial. O escolhido foi Ezra Koenig (Vampire Weekend), o que rendeu um dos momentos que mais causaram sorrisos ao público indie em 2022, em um dueto com Thomas Mars que combinou muito bem, mesmo em uma gravação à distância (assim como em seu videoclipe).

A sequência “Season 2”, “Artefact” e “All Eyes on Me” também é uma boa amostra do que a banda fez neste disco, com a percussão eletrônica definindo uma atmosfera levemente dançante e retrô (que pode ser um resquício da fase Ti Amo, de 2017), mas nada se compara ao que “Winter Solstice” trouxe para o grupo em termos de variedade. Ela é um tanto minimalista, um pouco mais pop que de costume, mas também sabe marcar uma presença forte no refrão.

Diz-se que o Phoenix compara Alpha Zulu a seu álbum de estreia, United (2000), por ser uma coletânea de ideias quase aleatórias que geraram boas músicas. O próprio título permite essa interpretação: Alpha e Zulu são respectivamente as letras A e Z no alfabeto fonético da OTAN (usado para soletrações), ou seja, cabe tudo entre as músicas desse disco. Para quem está do lado de cá acompanhando a banda, por outro lado, o disco acaba sendo a versão mais “de estúdio” que já vimos de Phoenix, mas ele traz, felizmente, aquilo que mais queremos ouvir da banda – e ele deve render um baita show.

(Alpha Zulu em uma faixa: “Tonight”)

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ARTISTA: Phoenix

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.