Xenia Rubinos afirma sua identidade e consolida um estilo próprio muito interessante em seu novo álbum Magic Trix. De descendência Porto Riquenha e Cubana, a artista experimenta variadas possibilidades de percussão ao compor suas canções, tornando-se, em seu trabalho mais recente – bastante coeso e cheio de estilo próprio – uma personalidade pop de essência única.
Morando no Brooklyn e cantando ora em inglês e ora em espanhol, em geral, ela utiliza de sua voz exuberante para guiar a harmonia musical, tocando um teclado cheio de overdrive que soa como guitarra, e, enquanto é amparada por um baixo suingado, experimenta nos solavancos entrecortados da percussão experimental (que vão do uso comum da bateria a recortes de vozes, passando por rangidos de porta e ruídos em geral) para costurar seu estilo.
Todo o álbum mantém uma identidade coerente, embora suas leves variações contribuam para manter a dinâmica do mesmo. Soando ora mais anárquica, como na ciranda contemporânea hardcore Pan y Café, e em outros momentos pendendo a uma vertente mais comportada e melodiosa, como na sutileza de beleza crescente de Cherry Tree, Rubinos assina sua própria obra e se afirma com segurança nas composições.
À sua maneira, a artista mantém sua personalidade nos excelentes videoclipes lançados para o álbum, mantendo-se sempre fiel à própria proposta, soando divertida em todos os momentos e dando força ao tema que guia todo o álbum. Embora muito responsável tecnicamente, a postura experimental parece sempre manter a aura de liberdade de expressão e jovialidade que permeia o trabalho da artista. Num experimento bem sucedido, Rubinos apoia-se com segurança em seu vozeirão sulamericano e nos traz Magic Trix, fazendo uso de uma linguagem autêntica e soando deliciosamente esquisito, o álbum é uma excelente obra com feições de Música Latina Experimental contemporânea.