Resenhas

Elvis Costello & The Imposters – The Boy Named If

Com carisma e dramaticidade, veterano amplia a proposta do disco anterior, convida o ouvinte a entrar na festa e navega por timbres e maneirismos que atravessam décadas do rock

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Ano: 2022
Selo: EMI/Universal
# Faixas: 13
Estilos: Rock Alternativo, Indie Rock
Duração: 52'
Produção: Elvis Costello e Sebastian Krys

Há um senso de continuidade interessante em The Boy Named If quando pensamos em seu anterior, Hey, Clockface (2020), que trazia um Elvis Costello no resgate de uma postura punk que o formou décadas antes. Desta vez, o britânico convoca The Imposters – banda que o acompanha nos shows – para dividir os créditos da obra e, dessa forma, renova mais uma vez sua musicalidade.

Isso porque, com o som volumoso de banda mais presente nas canções, Costello consegue brilhar não apenas como intérprete, mas como um lado seu que se aproxima de um rockstar, de um vocalista que lidera todos com seu carisma e dramaticidade. Seu timbre tão forte consegue ganhar nuances mais leves em faixas animadas, como “The Death of Magic Thinking”, enquanto nos entrega a forte personalidade de sempre em momentos como “The Man You Love to Hate”.

Se Hey, Clockface causou impressão pelo clima grave que toma conta da obra, The Boy Named If vai em outra direção e convida o ouvinte a entrar na festa. Músicas como “Penelope Halfpenny” são as que mais marcam a audição, com sua graciosidade dançante. Ainda que haja uma balada que possa ser mais reconhecida como propriamente de Elvis Costello (caso de Paint the Red Rose Blue”), a energia sorridente da abertura “Farewell, OK” acompanha o ouvinte ao longo de todo o repertório.

Esteticamente, a escolha se deu para uma obra bastante atemporal, com timbres e maneirismos que atravessam décadas no rock, principalmente no filão alternativo e no que ficou catalogado como “indie rock” nas últimas décadas. Navegando por esses mares, banda e cantor se mostram bastante à vontade, esbanjando bom humor e caprichando na execução excelente de músicas com pouco ou nenhum defeito.

Para muito além de sua qualidade, The Boy Named If honra seu antecessor – e toda a discografia de Costello – ao permitir com que um novo fôlego flua pelos pulmões criativos do músico. Você fecha os olhos e imagina facilmente o senhor de 67 anos correndo pelo palco, disfarçando sorrisos nas faixas de maior seriedade e realizado por saber que tem todo o público, igualmente satisfeito, em suas mãos.

(The Boy Named If em uma faixa: “Magnificent Hurt”)

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Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.