Resenhas

Shlohmo – Dark Red

Produtor enfrenta as próprias sombras em novo álbum

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Ano: 2015
Selo: True Panther, Wedidit
# Faixas: 11
Estilos: Eletrônico Experimental, Glitch Music
Duração: 58:26
Nota: 3.5
Produção: Henry Laufer

Embora o caminho obscuro seguido por Shlohmo em seu novo álbum não seja necessariamente novo (afinal, já sabemos da afinidade de Henry Laufer por suas Bad Vibes), o compromisso assumido em Dark Red em nome uma sonoridade lamacenta, esfumaçada e, acima de tudo, desorganizada, indica uma mudança significativa no estado de espírito do produtor.

Com apenas um álbum completo em seu currículo (o já citado Bad Vibes de 2011), mas com uma série de Eps e Singles lançados desde 2009, é possível notar na trajétoria do músico um denominador comum: a atmosfera Eletrônica de ruídos nublados extraídos de sintetizadores e temperados com o groove da música negra, como o Hip Hop, o Novo Soul e até mesmo o R&B. Por isso, a mudança de teor em Dark Red, embora correlata, soa bastante divergente, como uma fase “deprê” enfretada por Laufer.

Essa mudança de tom traz muitas coisas interessantes. Embora a estrutura de suas faixas instrumentais se perca da padronização mais óbvia desse estilo, com suas linhas de tensão desfeitas e enroscadas em si mesmas (o build up emocional, por exemplo, se vê muito pouco por aqui), o que temos, em contrapartida, é a elocubração de um clima caótico, pantanoso, denso e de emoções carregadas, o que, talvez, seja a verdadeira busca do compositor no álbum. De algum modo, podemos considerar o atual Shlohmo como uma faceta oposta do artista musical Tim Hecker, que implode a arquitetura sonora ao invés de edificá-la com tanto esmero, com um clima mais downtempo mais ligada a nomes como XXYYXX ou Darkside.

Dark Red, embora mantenha a essência de Shlohmo, mira em outra direção, distante do R&B e mais próxima da Drone Music ou do Glitch. Se esta é apenas uma fase ou um caminho inédito na carreira do produtor, não sabemos. Por enquanto podemos desfrutar do melhor de seus dois lados, seja o ensolarado, seja o assombrado.

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BOM PARA QUEM OUVE: Dave Harrington, Tim Hecker, XXYYXX
ARTISTA: Shlohmo

Autor:

é músico e escreve sobre arte