Resenhas

TÃLÃ – Zal – EP

Produtora explora formatos menos caricatos da música Eletrônica atual

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Ano: 2016
Selo: Columbia
# Faixas: 6
Estilos: Eletrônica, Experimental, Trap
Duração: 15:07
Nota: 3.5

Música Étnica é uma denominação complicada. Somos induzidos a aplicar esta categoria, principalmente quando ouvimos subprodutos da música Eletrônica misturados com aspectos de uma determinada cultura local, como, por exemplo, para a cantora M.I.A. e, recentemente, alguns experimentos de Omar Rodríguez-Lopez. É complicado tecer um fundamento concreto sobre esse “gênero”, afinal, qualquer música representa uma identidade cultural.

Para a produtora e compositora londrina TÃLÃ fica ainda mais difícil falar nesses termos, afinal, sua obra sempre foi marcada por uma intensa mistura de referências e, se ela representa alguma cultura, é especificamente aquela que vivenciou em seus 27 anos. O Hip Hop tem intensa influência na produção de sua sonoridade, bem como sua descendência iraniana e um apego por experimentar sair de caixas estereotipadas da música eletrônica.

Em seu novo registro, Zal – EP, tudo parece confluir para uma preciso recorte de tudo que envolve o universo particular da produtora. São seis faixas coesas entre si, que mostram flertes interessantes com batidas ocidentais e melodias orientais, bem como um domínio pleno da estrutura Pop. Como dito, TÃLÃ evita cair em clichês, e as primeiras faixas, Intro e Fire Starter, já deixam isto claro, seja pela ambientação caótica e desconstruída ou apenas por tangenciar beats bem típicos da Trap Music.

Talk 2 Me é sustentada por uma percussão suingada, que logo cede espaço para uma explosiva faixa, apostando forte em timbres da Dance Music dos anos 1990. Zal é um ponto interessante do EP, à medida que traz uma emocionante melodia ao constante bombardeio de baixos, se tornando uma parte bastante psicodélica do trabalho. The Duke é mais comportada, trazendo um molde mais definido da música eletrônica mundial, embora faça uso de timbres mais interessantes. Por fim, Tell Me That é justamente o oposto: traz timbres bem típicos do gênero, mas cria melodias mais inventivas e criativas.

Assim, TÃLÃ nos mostra mais um disco que se comporta como um verdadeiro laboratório, no qual ela experimenta e elabora suas misturas como bem entende. Dessa forma, Zal – EP é uma criação interessante e deve agradar tanto a entusiastas do Pop quanto do experimentalismo mais comportado.

(Zal – EP em uma faixa: Tell Me That)

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BOM PARA QUEM OUVE: M.I.A, , Grimes
ARTISTA: TÃLÃ

Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique