Boate Invisível é mais um mergulho na obra sempre expansiva do músico paulista Tatá Aeroplano. De essência psicodélica, este novo registro bebe de fontes oitentistas, como synth pop e rock em cores neon da época, mas sem nunca deixar de lado a brasilidade e os tons tropicalistas que a obra de Tatá invariavelmente tangencia – e a homenagem a Gal Costa com “Gente na Praia” é prova disso.
Este disco nasce da colaboração com Bruno Buarque, Dustan Gallas, Junior Boca, Kika e Malu Maria, algo que não chega a ser inédito nos registros anteriores do músico, mas que, aqui, ganha um novo potencial. O álbum foi feito no Estúdio Minduca, criado do zero em sessões de improviso e de forma bem livre – faixas como “Coffees & Mandrix” e “Rio Voador” mostram bastante desse processo espontâneo de livre associação e liberdade total.
O resultado é um pop psicodélico bastante dançante, como já pode ficar claro logo na abertura “Alquimia Sensual”. Outro ponto alto da obra é a faixa-título, que, com sua “melancolia New Order”, mais uma vez mostra um misto animado de teor oitentista guiado por muitos sintetizadores e uma guitarra de timbres brilhantes. O repertório ainda apresenta uma mistura mais roqueira em “No Fusca com T-Rex”, um dub ruidoso em “Rio Voador” e algo mais reducionista e etéreo em “Sonho de Artaud”.
O registro se encerra com “Canto Mistério”, faixa que brinca com a percussão mais acentuada e uma letra que celebra o desconhecido num pop quase ritualístico. Esse parece ser um final perfeito para uma obra que se abre e se constrói a partir do desconhecido, do experimentalismo em sua forma mais genuína – e que sabiamente dá ao material contornos pop e bem acessíveis.
(Boate Invisível em uma faixa: “Boate Invisível”)
