Resenhas

How To Dress Well – The Anteroom

Com uma aura fantasmática, álbum une o R&B à Música Experimental

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Ano: 2018
Selo: Domino
# Faixas: 13
Estilos: Alt-R&B, Eletrônico
Duração: 57:24
Nota: 3.5
Produção: Tom Krell, Joel Ford

Na resenha de Care, Lucas Repullo nos disse que Tom Krell, o nome à frente do projeto How to Dress Well, “sempre representou muito bem o estereótipo do artista Pop de hoje”. Sabendo se adaptar às tendências da música com desenvoltura, o artista segue experimentando, manipulando suas composições sem, no entanto, sair do campo de atuação do Pop. The Anteroom, seu lançamento da vez, joga com duas das estéticas mais consagradas na música do novo século: o vocal em falsete do R&B e uma pano de fundo eletrônico que soa fragmentado, como uma parede de cristal colapsando aos poucos diante de nós.

Essa fórmula coloca o artista, como dissemos, em um território seguro para os amantes da música mainstream, que embala o ouvinte com sofrências amorosas traduzidas em forma de melodia, enquanto, ao mesmo tempo, o joga para um plano “sofisticado” de influências que herdaram seu jeito de fazer música de artistas experimentais na Música Eletrônica. Twin Shadow, Perfume Genius e Majical Cloudz talvez sejam parâmetros relevantes desse time, artistas que parecem ver na contemporaneidade um colapsar de elementos, mas que não abrem mão de sua veia romântica em nome de uma distopia qualquer.

Essa “antesala” à qual o título do trabalho faz referência vem traduzida em um clima de espera, de ansiedade e de antecipação. A energia contida aqui nunca se concretiza muito bem para o ouvinte e assume, ao invés, uma aura fantasmática, onde cada faixa é uma premonição da seguinte. Se The Anteroom dificilmente vai converter ouvintes que já não sejam simpáticos ao R&B do século 21 ele vai, no entanto, entrar para lista de melhores representantes do estilo que temos nos últimos anos.

(The Anteroom em uma música: Body Fat)

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Autor:

é músico e escreve sobre arte