Resenhas

Fabiano do Nascimento – Mundo Solo

Novo álbum do violonista alterna paisagens expansivas e encontros atmosféricos entre MPB e jazz

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Ano: 2023
Selo: Far Out Recordings
# Faixas: 15
Estilos: MPB, Jazz
Duração: 47'

Fabiano do Nascimento tem se tornado figurinha carimbada por aqui ao longo dos últimos anos. O violonista brasileiro radicado em Los Angeles se prova a cada novo lançamento um exímio experimentador e chega ao seu oitavo disco (o terceiro lançado somente em 2023), Mundo Solo, mais uma vez testando possibilidades e se aventurando por até onde a música brasileira pode se expandir, borrando qualquer barreira geográfica (aquele papo de “Música Universal”, do Hermeto Pascoal, sabe?).

Para o novo registro, que foi gravado ao longo de 2020 em seu estúdio caseiro, Fabiano parece levar sua arte para um ambiente mais solitário, apesar de haver aqui e ali alguns convidados, como Julien Canthelm, na bateria de “Etude 1”, Ajurina Zwarg, na percussão em “CPMV” e Gabe Noel, no baixo de “Curumim 2”. O músico exercita aqui não só a criação solo, algo em estado mais bruto e sem amarras, como também grava suas composições em um único take. Erros e acertos estão todos na versão final que ouvimos e é quase como se nós, ouvintes, estivéssemos presentes como uma mosquinha na parede do estúdio ouvindo essas sessões pela primeira vez.

As faixas são em grande parte experimentações das cordas de Fabiano, seja em seu aspecto mais puro ou carregada de efeitos, adicionadas de eventuais camadas de sintetizadores, pianos e texturas eletrônicas (o que o artista já havia testado em Das Nuvens). O resultado, como por exemplo, em “Bari”, são músicas curtas de essência onírica, que vagam por encontros atmosféricos da MBP com jazz ou paisagens expansivas que não necessariamente se ancoram nesse ou naquele gênero musical. Essa abordagem bastante eclética resulta em 15 composições bastante diferentes entre si, às vezes, se permitindo até mesmo deixar o violão em segundo plano (“Coisa”).

Apesar de ter como premissa a exploração da liberdade que somente a solitude lhe garante, é quando Nascimento está acompanhado que a mágica realmente acontece. São faixas como “Etude 1” e “CPMV” nas quais toda a potencialidade do violão parece ganhar vida, exatamente quando vem junto da percussão – o mesmo ocorre com o baixo em “Curumin 2”. Isso não desabona o trabalho de Fabiano e não faz perder a autenticidade de um trabalho solo. É como se a solidão tornasse os encontros ainda mais significativos.

(Mundo Solo em uma faixa: “Etude 1”)

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts