Resenhas

IDLES – Joy as an Act of Resistance

Segundo disco é ato de revolta em meio aos temas complexos da contemporaneidade

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Ano: 2018
Selo: Partisan
# Faixas: 12
Estilos: Garage Rock, Punk
Duração: 42:14
Nota: 3.5
Produção: Space, Adam Greenspan e Nick Launay

É difícil pedir para um jovem ficar feliz nos dias de hoje. Em meio a alarmantes índices de depressão e ansiedade crescendo a cada dia e uma situação política que denota um conservadorismo bruto, a juventude encontra cada vez menos motivos para sorrir. Contudo, as resistências não são poucas e, certamente, não são fracas. Apesar de ser uma árdua tarefa, encontramos cada vez mais um grupo de jovens dispostos a enfrentar este pessimista futuro, mesmo com tudo apontando para que a favor e não contra à política. Dentro desse caos, o Punk parece ganhar uma ressignificação de sentido e, no meio dessa onda revival, encontramos IDLES, um projeto que parece encontrar em nossa felicidade o maior ato de resistência.

Em seu segundo disco, intitulado Joy As An Act Of Resistance, o grupo mantém a mesma rispidez e crítica ferrenha em uma série de abordagens contemporâneas, como masculinidade tóxica, o BREXIT, políticas imigratórias, amor próprio entre outros. As sonoridades distorcidas, aliadas a um vocal mais preocupado com a forma que sua mensagem será entregue (ou, nesse caso, arremessada) trazem um disco que encontra no desarranjo do caos o sentido para atirar pedras ao mundo atual. O estereótipo do jovem rebelde tão desgastado no passado recente parece, assim, ganhar um novo significado e pedir para que o ouvinte se muna do sorriso e alegria como uma ferramenta de luta é bastante inspirador. O intuito aqui não é dar uma moral de que o amor vence tudo e afins, mas encontrar no próprio ato de intolerância ao ódio, a alegria que o jovem tanto busca.

Crescendo aos poucos como uma bomba relógio prestes a explodir, Colossus indica o tamanho da fúria que ainda será discorrida pelas próximas faixas. Danny Nedelko, por sua vez, já acelera as coisas criando tensão entre as microfonias incessantes e distorções desconcertantes que pinicam o audição do ouvinte, em um mix de Libertines com Misfits. Samaritans usa da alta e poderosa bateria para criar um senso enervante de empolgação que nos faz querer sair da cadeira assim que os primeiros segundos da composição se revelam. Gram Rock é ágil e impiedosa na mistura de timbres estridentes e inquietantes de guitarra com uma melodia idade quase dramática por parte do vocalista Joe Tabot. Por fim, Rottweiller é a pancada final, na qual somos hostilizados pelo que parecem literalmente latidos raivosos (e com motivos).

Apesar de uma sonoridade sem novas mudanças desde seu último disco Brutalism, este é um registro que ainda confirma a agressividade latente e o posicionamento fervoroso de uma banda que tem muito a dizer. Um disco rebelde com muitas causas.

(Joy As An Act Of Resistance em uma faixa: Samaritans)

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BOM PARA QUEM OUVE: FIDLAR, The Libertines, HEALTH
ARTISTA: IDLES
MARCADORES: Garage Rock, Punk

Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique