Resenhas

Mark Lanegan – Straight Songs of Sorrow

Novo álbum de veterano do Grunge rumina, com o clima soturno de sempre, amarguras nunca superadas

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Ano: 2020
Selo: Heavenly Records
# Faixas: 14
Estilos: Blues, Rock, Drone
Duração: 60’
Produção: Alain Johannes

Mark Lanegan, um dos nomes fundadores do Grunge nos anos 1990, teve uma carreira prolífica e uma vida à beira da morte. Recentemente, o músico lançou uma autobiografia intitulada Sing Backwards and Weep, na qual revive as desventuras de sua trajetória. E as lembranças resgatadas no processo do livro renderam, afinal, mais do que uma publicação e serviram para alimentar também as composições do disco Straight Songs of Sorrow, lançado pelo selo Heavenly Recordings.

Straight Songs of Sorrow é o décimo segundo disco de Mark Lanegan em carreira solo. Sua campanha solitária é o resultado de uma história trilhada ao lado de bandas e músicos de alto quilate, como Screaming Trees, que o inseriu no contexto do Grunge, Kurt Cobain e Queens of Stone Age, entre outros. Aqui, o músico rumina, com o clima sombrio de sempre, suas amarguras nunca superadas. A estética da produção, igualmente, parece estar apegada ao passado.

Lanegan declarou que, ao escrever o livro, acabou não passando por um processo catártico: “tudo o que consegui foi abrir uma caixa de Pandora cheia de dor e miséria. Eu entrei e lembrei das merdas que eu tinha guardado há 20 anos”. É aí que entra a contrapartida musical: com cada faixa dedicada a uma pessoa específica de seu passado, Straight Songs of Sorrow pretende ser um escape emocional, uma espécie de redenção, para o artista.

O disco bebe de Blues, Rock e Música Eletrônica. As faixas arrastam-se umas sobres as outras e tragam o ouvinte para um lamaçal emocional, onde tudo é pesado – clima que Lanegan é mestre em criar. As harmonias são simplificadas e o foco está em contar histórias: um acorde menor parece ser o suficiente para que Lanegan narre seu jogo de xadrez com a morte.

A dor sempre foi a obsessão de Lanegan. Em Straight Songs of Sorrow, no entanto, ele aprofunda o tema e fala assumidamente de si mesmo. Sua música nunca foi feita para ser ouvida o tempo todo. Seu mergulho na sombra não é o interesse de qualquer um. No entanto, para os fãs de sua música, fica a oportunidade de ouvir os relatos de quem já foi ao inferno e voltou para contar a história.

(Straight Songs of Sorrow em uma faixa: “Ketamine”)

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ARTISTA: Mark Lanegan

Autor:

é músico e escreve sobre arte