Resenhas

Whitney – SPARK

Quarto disco da banda americana aposta em novas direções, mas mantém letras confessionais e sonoridade “empoeirada”

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Ano: 2022
Selo: Secretly Canadian
# Faixas: 13
Estilos: Indie Pop, Soul, Indie Folk
Duração: 38'
Produção: Brad Cook e John Congleton

Depois dos ótimos Light Upon The Lake (2016) e Forever Turned Around (2019), o duo Whitney viu sua fórmula sonora se desgastar em Candid, disco de covers lançado em 2020. A dupla de Chicago precisava de alguma forma se reinventar para o que seria o seu quarto álbum de estúdio, SPARK – e é exatamente isso que Julien Ehrlich e Max Kakacek fazem aqui. Para o bem ou para mal, os músicos seguem numa direção estética diferente da que tomavam até então, embora as temáticas e a vibe continuem exatamente as mesmas.

Se os álbuns anteriores soavam como uma mistura do soft rock, folk e country alternativo, aqui a dupla busca inspirações mais modernas, vindas do R&B e soul contemporâneos. No fim das contas, são ingredientes diferentes para atingir um objetivo muito parecido. O que mais salta aos ouvidos na música do grupo são os falsetes de Ehrlich e as histórias bastante melancólicas contadas a partir dele. E isso continua, por mais que o modo de fazer isso tenha mudado.

Mais uma vez, o duo tem como substrato para suas letras confessionais histórias dolorosas de separação amorosa. São músicas que flutuam pelos diversos momentos vividos após um ponto final num relacionamento, passando por luto, desesperança e vulnerabilidade. Já na abertura, “NOTHING REMAINS”, é possível ver que a abordagem será de forma ainda mais visceral. São versos como “Troubles never go away / But they change / I just stay the same (…) Too much living broke me down / Nothing remains / When you’re not around” que apontam nessa direção.

O registro continua nos apresentando momentos quase cínicos, como em “REAL LOVE” (“The end may come any second / When the storm hits / My reflection will soon begin to fade”), expressões do medo de se tornar apenas uma memória do seu antigo par (em “MEMORY”) ou ainda a amargura de ver a pessoa amada seguindo sua vida, em “LOST CONTROL “(“No, it ain’t gonna change any minute / Honey, love only turns to regret / Now that you’re gone / And wonder if it’s really for the best”). São letras simples, mas que contam histórias que todos nós já vivemos e com as quais conseguimos nos relacionar.

A produção, desta vez a cargo de Brad Cook e John Congleton, ajuda a contar essas narrativas num formato mais moderno, ainda que haja uma poeira nostálgica nos timbres e arranjos. A abertura já mostra isso muito bem também, com instrumentação enxuta guiada por bateria e guitarra, mas adicionando aqui e ali elementos novos, como o teclado e baixo. “REAL LOVE”, um dos singles, vai para o campo oposto e aposta em synths ruidosos e ritmados enquanto mostra também harmonias vocais à la Beach Boys. Para os saudosos do antigo Whitney, “HEART WILL BEAT”, recupera o country e soft rock e, ao mesmo tempo, traz frescor ao caldo. “LOST CONTROL” encarna uma face mais pop, quase como se de alguma forma a banda estivesse emulando (no bom sentido) o The Weeknd.

SPARK é um disco versátil e que traz o Whitney experimentando e aberto a novdidades – ainda que a premissa de “fazer música triste e confessional através de sonoridades empoeiradas” continue valendo.

 (SPARK em uma faixa: “REAL LOVE”)

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ARTISTA: Whitney

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts