Resenhas

Woods – Perennial

12º disco da banda nova-iorquina mantém o folk psicodélico, mas abre espaço para influências do rock setentista, além de injeções de um pop ensolorado

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Ano: 2023
Selo: Woodsist
# Faixas: 11
Estilos: Folk Psicodélico, Folk
Duração: 44'
Produção: Jarvis Taveniere

Em quase 20 anos de carreira, Woods pode ser considerada uma dessas bandas de longa e lenta evolução – lenta por poucas coisas mudarem entre uma obra e outra; evolução porque, ainda assim, sempre há novos elementos a cada disco do grupo. Perennial é o 12º registro de estúdio do grupo, e ouvimos mais uma vez o folk (que foi, aos poucos, deixando o Lo-Fi de lado) com tendências psicodélicas – um som já experimentado anteriormente por diversas vezes, mas que continua apresentando algumas novidades aos velhos fãs.

Talvez a maior diferença deste álbum seja sua forma de produção. Jeremy Earl e Jarvis Taveniere se baseiam em loops para criar essas novas canções. O ponto de partida são células de natureza repetitiva que se agrupam como uma colcha de retalhos, que ora são costuradas por guitarras ruidosas (“Another Side”), ora pelo pedal steel de Connor Gallaher (“White Winter Melody”) ou ainda pelo Piano Wurlitzer de Kyle Forester (“Between the Past”).

Mais uma vez, o grupo cria um universo cheio de cores, sons e sonhos, por meio de sua mistura que evoca de um rock dos anos 1970 à la Steely Dan a um folk mais cerebral como Crazy Horse, sobrando ainda espaço para um pop sessentista ensolarado (como em “Little Black Flowers”). Outra diferença em relação às obras anteriores é uma presença maior de músicas instrumentais. Essa não é exatamente uma novidade na obra do Woods, mas parece que aqui a banda se permite a explorar novos horizontes – seja com a introdutória “The Seed” e sua cadência levemente funkeada, ou com “White Winter Melody” e seu encantador diálogo entre pedal steel e guitarra.

O conceito de que “plantas e flores perenes são os loops da natureza” permeia toda a obra, tanto como substrato para as letras (que discutem diversos ciclos naturais, humanos ou naturais), quanto para a própria forma de criar música. Há aqui também a perenidade da própria banda nessas quase duas décadas. A permanência, de certa forma, é um ingrediente fundamental para ela ser o que é, e Perennial é fruto de um solo cuidado e tratado ao longo de todo esse tempo.

(Perennial em uma faixa: “White Winter Melody”)

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ARTISTA: Woods

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts