Resenhas

Jonathan Tadeu – Filho do Meio

Terceira obra do músico belo-horizontino revela aproximação com a música minimalista e eletrônica

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Ano: 2017
Selo: Geração Perdida
# Faixas: 8
Estilos: Experimental, Eletrônico, Minimalista
Duração: 26"
Nota: 3.5
Produção: João Carvalho

Filho do Meio marca mais uma mudança na sonoridade da música do mineiro Jonathan Tadeu, que deixa de lado o Rock Lo-Fi de Queda Livre (2016) e parte para uma abordagem minimalista de música Eletrônica – parte que cabe ao produtor João Carvalho (artista por trás de projetos como Sentidor e Rio Sem Nome).

A fragilidade e leveza dos beats casa muito bem com a interpretação quase tímida de Jonathan em seu terceiro álbum. O misto cria um ambiente aconchegante para que o músico possa expor suas histórias, que parecem vir de um período recente (superando certa letargia vista em seu disco anterior). Nas canções, ele conta sobre experiências em festivais no qual teve de enfrentar o racismo da plateia (Sorriso Amarelo), um encontro com um antigo produtor de Minas Gerais que desdenhava da cena atual (Deus Sempre Mata Os Saudosistas Primeiro), a saudade de casa (Festa de Despedida), casos de amor bastante realistas (Araxá 500) e sobre sua relação com a banda Lupe de Lupe (Lupe de Lupe).

Todas as letras parecem vir diretamente de um diário, em que o artista transforma em uma poesia intimista suas impressões e sentimentos sobre o que se passa no seu cotidiano. Esse explorar da personalidade do músico garante certa empatia com o ouvinte, quase como uma conversa com amigo que não vemos há muito tempo e que tem muita coisa para nos contar. São versos curtos e cheio de detalhes, que descrevem cenas e cenários em as histórias de Jonathan acontecem.

A sensível produção de João Carvalho, como já dito, casa muito bem o clima intimista do registro. São batidas eletrônicas que se mesclam com ruídos, samples e melodias mais simples e constroem o alicerce, básico porém fundamental e certeiro, para as letras de Jonathan. O minimalismo nas canções cria um efeito atmosférico muito bem vindo, que deixa as poesias evidentes ao mesmo tempo que cria uma trilha sonora para sua “declamação”.

Pode ser que o rumo tomado em Filho do Meio não seja o caminho a ser seguido pelo músico em suas próximas obras – ainda mais vista a mudança tão grande entre este disco e seu antecessor -, porém este serve com um ótimo experimento ou pelo menos um respiro Eletrônico em sua carreira. E se experimentos nos levam a lições aprendidas, uma coisa que Jonathan certamente deve levar para as próximas obras é que a parceria com João complementa (e faz muito bem) a sua música.

(Filho do Meio em uma faixa: Fantasmas)

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts